Luís Fernando Veríssimo imagina-se em uma ilha deserta com seu livro, seu CD e sua mulher preferidos. Ele é, entretanto, vítima de um engano. Um gênio o para na rua e o pergunta que livro, que CD e que mulher ele levaria para uma ilha deserta. Imaginando que fosse uma pesquisa de opinião, e sem desconfiar do turbante, ele responde, e é mandado para a tal ilha com seus ‘pedidos’. Ao longo da história ele tenta conquistar a mulher, que obviamente não queria estar na ilha. E não consegue se aproximar dela. Também não consegue ouvir o CD, já que não tem aparelho de som e muito menos eletricidade na ilha; nem acha graça em reler infinitas vezes o mesmo livro. O tempo passa e o CD é usado como lente para fazer fogo, as folhas do livro são usadas como combustível na fogueira e o fecho do sutiã da mulher é usado para fazer um anzol, com o qual eles pegam pequenos peixes. A mulher, por ser mais jovem, sobe nos coqueiros para conseguir comida e constrói a cabana rudimentar na qual eles vivem. Com o passar dos anos ela se interessa por ele, mas enfraquecido pela idade e pela má alimentação, já não tem mais forças e a rejeita. Em tempo: o livro é "O Grande Gastby" de F. Scott Fitzgerald, o disco é do Miles Davis com o Sonny Rollins e o Horace Silver, e a mulher é a Luana Piovani.
Fico imaginando se fosse comigo. Não sei se teria como responder assim de surpresa que CD, que livro e que mulher eu levaria para uma ilha deserta. Ficaria com dúvidas em relação ao CD e ao livro. Quanto à mulher não. Iria perguntar se podia levar mais de um CD, mais de um livro. Porque são tantos que me agradam igualmente que não posso escolher apenas um deles. Ia querer levar uma biblioteca inteira. Ou uma enorme coleção de CDs e até alguns vinis raros.
Quando o gênio me perguntasse que livro, que CD e que mulher eu levaria para a ilha deserta, eu perguntaria se não poderia levar todos os discos dos Beatles, todos os do Radiohead (pelo menos o The bends e o OK Computer), os discos do The Smiths, Los Hermanos e mais um punhado de CDs. E livros então? A maior parte dos clássicos da literatura eu ainda não li. Estou esperando a velhice chegar. E sempre dá vontade de reler aqueles livros que marcaram nossa vida. Cem anos de solidão do Gabriel Garcia Marquez e Crime e castigo do Dostoievski eu levaria com certeza.
Imagino o gênio me perguntando:
– Cavalheiro, que disco, que livro e que mulher você levaria para uma ilha deserta? – os gênios são muito educados
Eu responderia:
– Tenho que escolher um só de cada. Posso levar a discografia do Radiohead e dos Beatles? A bibliografia do Machado de Assis, toda a Comédia Humana do Balzac, os livros do Gabo (que intimidade) e os dos Veríssimos (pai e filho)? E a Luana Piovani, a Maria Fernanda Cândido, a Ana Paula Arósio, a Julia Roberts, a Gisele Bundchen...?
– Não, tem que ser um livro, um CD e uma mulher! – responderia o gênio, com certeza rindo da minha cara e pensando: quem ele pensa que é?
– Mas como eu vou viver sem Beatles, The Smiths, Los Hermanos? E sem ler os clássicos da literatura. Que eu estou deixando para ler na velhice. Além disso, como não vou ter TV, vou levar algumas atrizes e modelos só para me distrair e não me sentir sozinho – eu argumentaria, mas nada disso iria convence-lo.
Pensando bem não ia dar certo. Melhor mesmo seria ele me mandar para a ilha com um Notebook, um Ipod ou um Palmtop. Neles caberiam toda a minha biblioteca, minha Cdteca e de quebra ainda sobraria espaço para uns joguinhos e para as fotos das minhas musas. Eu diria ao gênio que me perguntasse que livro, que CD e que mulher eu levaria para uma ilha deserta: quero levar um notebook, uma fonte de energia inesgotável para o aparelho e uma mulher apenas. Nada mais. Ele não ia ter como recusar.
Fico imaginando se fosse comigo. Não sei se teria como responder assim de surpresa que CD, que livro e que mulher eu levaria para uma ilha deserta. Ficaria com dúvidas em relação ao CD e ao livro. Quanto à mulher não. Iria perguntar se podia levar mais de um CD, mais de um livro. Porque são tantos que me agradam igualmente que não posso escolher apenas um deles. Ia querer levar uma biblioteca inteira. Ou uma enorme coleção de CDs e até alguns vinis raros.
Quando o gênio me perguntasse que livro, que CD e que mulher eu levaria para a ilha deserta, eu perguntaria se não poderia levar todos os discos dos Beatles, todos os do Radiohead (pelo menos o The bends e o OK Computer), os discos do The Smiths, Los Hermanos e mais um punhado de CDs. E livros então? A maior parte dos clássicos da literatura eu ainda não li. Estou esperando a velhice chegar. E sempre dá vontade de reler aqueles livros que marcaram nossa vida. Cem anos de solidão do Gabriel Garcia Marquez e Crime e castigo do Dostoievski eu levaria com certeza.
Imagino o gênio me perguntando:
– Cavalheiro, que disco, que livro e que mulher você levaria para uma ilha deserta? – os gênios são muito educados
Eu responderia:
– Tenho que escolher um só de cada. Posso levar a discografia do Radiohead e dos Beatles? A bibliografia do Machado de Assis, toda a Comédia Humana do Balzac, os livros do Gabo (que intimidade) e os dos Veríssimos (pai e filho)? E a Luana Piovani, a Maria Fernanda Cândido, a Ana Paula Arósio, a Julia Roberts, a Gisele Bundchen...?
– Não, tem que ser um livro, um CD e uma mulher! – responderia o gênio, com certeza rindo da minha cara e pensando: quem ele pensa que é?
– Mas como eu vou viver sem Beatles, The Smiths, Los Hermanos? E sem ler os clássicos da literatura. Que eu estou deixando para ler na velhice. Além disso, como não vou ter TV, vou levar algumas atrizes e modelos só para me distrair e não me sentir sozinho – eu argumentaria, mas nada disso iria convence-lo.
Pensando bem não ia dar certo. Melhor mesmo seria ele me mandar para a ilha com um Notebook, um Ipod ou um Palmtop. Neles caberiam toda a minha biblioteca, minha Cdteca e de quebra ainda sobraria espaço para uns joguinhos e para as fotos das minhas musas. Eu diria ao gênio que me perguntasse que livro, que CD e que mulher eu levaria para uma ilha deserta: quero levar um notebook, uma fonte de energia inesgotável para o aparelho e uma mulher apenas. Nada mais. Ele não ia ter como recusar.
VERÍSSIMO, Luis Fernando. Cuidado com o que você pede. Disponível em: http://www.gsdr.dc.ufscar.br/~wesley/verissimo_cuidado.html.
Ronaldo Silva - 28/02/2007
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