"Vivemos numa época complicada". A frase de uma dançarina espanhola, dita ao meu amigo Júlio, soa como um sentimento global. Em todos os países, em todos os lugares as pessoas devem estar pensando, falando e sentindo: vivemos em uma época complicada. Complicada pelas toneladas de coisas que sabemos, ficamos sabendo e muitas vezes não gostaríamos de saber sobre guerras, violência, fome, preconceito e exclusão. Vivemos numa época complicada porque sabemos demais. A cada ato de desumanidade que assistimos, a cada agressão que nos chega pela TV, jornal e, principalmente, Internet nos assustamos com nossa bestialidade. Mas não foi assim desde os primórdios do homem, com seus sacrifícios aos deuses, com os "inimigos" atirados aos leões, com a fogueira da inquisição, com a matança no novo mundo e outras atrocidades que fazem parte da história evolutiva da humanidade? Por que nos assustar com a violência, se ela está em nosso DNA? Por que nos sentir revoltados com as desigualdades sociais e com as privações de bilhões, se o que queremos é nossa glória individual? Se nosso maior desejo é o consumo desenfreado, sem limites e sem nos importar com os outros? Estes paradoxos são tão inexplicáveis quanto nosso sentimento de solidariedade diante da tragédia. De repente somos tomados de profunda comoção com o sofrimento do outro. Mas ainda assim fazemos isso por puro egoísmo. Sofremos pelo outro porque nos imaginamos no lugar dele, passando pelo mesmo sofrimento.
Nestes dias, quando vimos nosso alma arrastada presa a um carro por sete quilômetros, passamos a bradar por justiça com mais força e vigor. Queremos a cabeça dos monstros capazes de tamanha crueldade. Dos pensadores mais ilustres da nação ao mais simples dos homens, todos clamam por justiça, uma justiça bíblica até: olho por olho, dente por dente. Devemos prender os monstros em um carro e arrastá-los pelos mesmos sete quilômetros de terror, que tanta vergonha e indignação nos causaram.
Nossa individualidade, ganância e egoísmo nos impedem de ver o quanto somos responsáveis pelas monstruosidades que são cometidas todos dias contra crianças, jovens, adultos e velhos. Da fome à supressão dos direitos mais básicos, muitos são os ataques covardes à condição humana. E quando os monstros resolvem sair à caça, nós os financiamos e facilitamos sua ação. Pequenos atos, que parecem banais, podem gerar ondas gigantes de destruição e crueldade. É infinita a lista de atos dos homens de bem que ajudam a criar monstros capazes de arrastar nossa alma por aí. A manutenção de nossos vícios, a vontade de levar vantagem em tudo, nos fazem caminhar à margem da lei e criar os monstros que tanto nos aterrorizam. E depois só nos resta buscar culpados e clamar por justiça, justiça bíblica, lei de talião. Vivemos numa época complicada!
Ronaldo Silva (depois de ler "Do amor e outros demônios" e ouvir o clamor que brota do seio da terra por justiça e punição para os monstros do Cascadura.)
Nestes dias, quando vimos nosso alma arrastada presa a um carro por sete quilômetros, passamos a bradar por justiça com mais força e vigor. Queremos a cabeça dos monstros capazes de tamanha crueldade. Dos pensadores mais ilustres da nação ao mais simples dos homens, todos clamam por justiça, uma justiça bíblica até: olho por olho, dente por dente. Devemos prender os monstros em um carro e arrastá-los pelos mesmos sete quilômetros de terror, que tanta vergonha e indignação nos causaram.
Nossa individualidade, ganância e egoísmo nos impedem de ver o quanto somos responsáveis pelas monstruosidades que são cometidas todos dias contra crianças, jovens, adultos e velhos. Da fome à supressão dos direitos mais básicos, muitos são os ataques covardes à condição humana. E quando os monstros resolvem sair à caça, nós os financiamos e facilitamos sua ação. Pequenos atos, que parecem banais, podem gerar ondas gigantes de destruição e crueldade. É infinita a lista de atos dos homens de bem que ajudam a criar monstros capazes de arrastar nossa alma por aí. A manutenção de nossos vícios, a vontade de levar vantagem em tudo, nos fazem caminhar à margem da lei e criar os monstros que tanto nos aterrorizam. E depois só nos resta buscar culpados e clamar por justiça, justiça bíblica, lei de talião. Vivemos numa época complicada!
Ronaldo Silva (depois de ler "Do amor e outros demônios" e ouvir o clamor que brota do seio da terra por justiça e punição para os monstros do Cascadura.)
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