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quinta-feira, 2 de julho de 2009

Ao meu amigo Toninho!

Lá de onde eu venho, São João do Oriente (MG), as pessoas costumam dizer que o fim do mundo está próximo, pois é tanta violência, tanta safadeza, tanta coisa ruim, que isso só pode ser prenúncio do fim do mundo. Vez que outra me espanto com essas coisas. O mundo não ficou mais violento, - ou ficou? - nós é que sabemos mais desta violência. Mas na cabeça daquela gente lá do Oriente, o mundo endoidou! As estatísticas estão aí, o Jornal Nacional dá manchete todo dia, tem até jornal especializado em noticiar só assassinato, estupro, roubo, estelionato, corrupção, etc, etc. Quando a coisa acontece nas regiões mais ricas das cidades, o destaque aumenta. Se é lá na periferia, fala-se menos! Meu amigo Toninho morreu no meio da rua e não atrapalhou o tráfego! Procurei nas manchetes da Folha, do Estadão, nos portais de notícia, nos blogs de esquerda, de direita, de centro, naqueles "meio intelectual meio de esquerda", e nada! Nem uma linha sobre sua morte!

Toninho nasceu e cresceu no Oriente. Mas como quase todo brasileiro pobre do interior migrou para a cidade - no seu caso São Paulo - ainda adolescente. Foi na esteira dos irmãos mais velhos, que estavam trabalhando por lá e tendo sucesso em seus empreendimentos. Foi, viu e venceu! Casou, enricou, teve filhos, separou, teve netos, mudou e casou de novo. Depois de mais vinte anos em São Paulo, voltou para Minas Gerais em 2000, em busca da tranquilidade das cidades do interior. E assim foi! Continuou trabalhando, vivendo. Era um sujeito boa praça.

Em 2008 voltou à São Paulo para ajudar a irmã que enviuvara recentemente. Viuva e com um filho recém-nascido. Depois de passar o domingo brincando com o neto, Toninho foi levar a filha em casa e não voltou. Foi assassinado no caminho entre o Jardim Rosana e o Parque Regina na periferia de São Paulo. Um assalto e o ladrão, não satisfeito com o celular, a carteira e o carro, atirou! Na mídia nem uma nota sobre sua morte. Sobre todas as mortes que acontecem em lugares como aquele!

Restou a nós, seus amigos, o gosto amargo da derrota e da impotência diante desta situação. Nessas horas me pergunto se não é verdade aquela crença dos Orientenses lá! Mais um sujeito jovem - 42 anos - que se vai. E nós que ficamos nos recolhemos mais. Até quando?

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